Emprestei meu imóvel para uma pessoa: ela pode pedir usucapiao?
- Tainara Vanzella

- 30 de set. de 2024
- 3 min de leitura
Imagine a seguinte situação: Você é proprietário de um imóvel e o empresta para um parente ou vizinho, porém, não faz nenhum documento com essa pessoa.

Nessa situação, é natural se perguntar: essa pessoa pode reivindicar a propriedade por meio da usucapião?
No conteúdo de hoje, eu vou te explicar como isso funciona para que você possa tomar todas as precauções necessárias e evitar de perder a sua propriedade.
O que é usucapiao?
A usucapiao nada mais é do que um instituto jurídico que permite a aquisição da propriedade de um bem por meio da posse prolongada e contínua, desde que sejam atendidos certos requisitos legais.
Usucapião requisitos
Os requisitos gerais da usucapião são os seguintes:
posse contínua (sem interrupção)
pacífica (sem oposição de terceiros)
com a intenção de dono
pelo período exigido pela lei
Nessa situação, se o proprietário do imóvel deixa de exercer os direitos inerentes à propriedade e a pessoa para quem o imóvel foi emprestado, permanece cuidando dele, como se proprietário fosse, durante um longo período, sem nenhuma imposição ou contestação, é sim possível que o proprietário deste imóvel emprestado esteja correndo um sério risco de perder a propriedade deste imóvel.
Apesar de existir essa possibilidade, é plenamente possível evitar essa situação com a elaboração de um contrato dizendo que o imóvel foi emprestado para essa pessoa gratuitamente, por exemplo.
Quando você empresta um imóvel a alguém e realiza esse contrato, a relação entre as partes pode ser caracterizada como um comodato, ou seja, um empréstimo gratuito. E, neste caso, não há a transferência da propriedade do bem, mas apenas a permissão para que essa pessoa utilize o imóvel temporariamente.
Isto porque, para que alguém possa reivindicar a usucapião, é necessário que essa pessoa possua o imóvel como se fosse o proprietário. No caso do comodato, a pessoa não possui o imóvel com ânimo de dono, pois a posse é temporária e restrita. A intenção de quem emprestou o imóvel é que o comodatário (a pessoa que ocupa) utilize o bem apenas pelo período acordado.
Portanto, tomando essas precauções, a pessoa que ocupa o imóvel emprestado não pode alegar usucapião, uma vez que a posse dela não é considerada legítima para esta finalidade.
É importante pontuar, por fim, que não basta a realização de qualquer contrato ou de um documento contendo cláusulas quaisquer, é fundamental que esse contrato seja específico para o seu caso, sendo de extrema importância contar com um advogado especialista para te auxiliar neste momento.
Exceções e Cuidado
Entretanto, é preciso ficar atento às exceções. Se, por exemplo, o prazo do contrato de comodato terminar e a pessoa continuar ocupando o imóvel por um longo período, ela pode sim, alegar usucapião, desde que cumpra os demais requisitos.
O Que Fazer?
Se você está preocupado com a possibilidade de a pessoa que ocupa seu imóvel pleitear usucapião, algumas medidas podem ser adotadas:
Formalizar o Comodato: Sempre que possível, formalize o empréstimo por meio de um contrato escrito, especificando o prazo e as condições do comodato. Isso ajuda a deixar claro que a posse é temporária.
Acompanhar a Ocupação: Mantenha um diálogo aberto com a pessoa que está utilizando o imóvel. Se o prazo do comodato estiver prestes a terminar, converse sobre a devolução do bem.
Notificação: Caso a pessoa continue no imóvel após o término do comodato, é aconselhável notificar formalmente a devolução do bem.
Consultar um Advogado: Conforme já mencionado acima, não basta a realização de qualquer contrato, este contrato deve ser feito de maneira específica para o seu caso. Além disso, é aconselhável que eventual negociação para a devolução do bem e, caso necessário, a notificação, sejam acompanhadas de um profissional especialista em Direito Imobiliário, tendo em vista que este profissional pode orientá-lo sobre as melhores medidas a serem tomadas.
Conclusão
Emprestar um imóvel pode ser uma forma generosa de ajudar alguém, mas é fundamental entender os aspectos legais envolvidos para evitar problemas futuros. A usucapião é uma realidade no Brasil, e a forma como você formaliza o empréstimo pode fazer toda a diferença. Com a devida atenção e precauções, você pode proteger seu patrimônio e garantir que a situação permaneça clara para ambas as partes.
Não deixe de contar com a assessoria de um advogado especialista em Direito Imobiliário para te auxiliar neste momento.
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